Rito de passagem.
E se a miopia fosse como a depressão?
Entrevista com Camila Paier, escritora e blogueira gaúcha.
[CAMILA] Como disse antes, foi tudo muito natural. Criei o blog pois era a fase do boom do mundo blogueiro, lia muitas coisas, tinha noções de HTML. Mas era algo totalmente caricato e onde eu reunia duas, três vezes por semana poemas meus e começos de crônicas sobre a dor e delícia de se ser jovenzinha (risos). Tudo sempre foi muito mais sensorial que premeditado na minha vida. Quis, fui lá, criei. Nada racionalizado. Os leitores foram aparecendo, os seguidores aumentando, e então comecei a divulgar mais nas mídias.
[CAMILA] Minha mãe sempre foi uma leitora voraz. Ela quem me apresentou o mundo dos livros, dos cadernos, das palavras. Embora não escreva, é minha maior incentivadora. Meu avô, falecido em 2012, escrevia diários e poemas, coisa que só vim a saber ano passado. Tem familiar que acredite que herdei esse traço dele. Gostaria de perguntar, mas agora só quando eu for pro céu também.
[CAMILA] Difícil. Tenho fases. Enquanto solteira novamente, demorei pra me adaptar e desprender da opinião e da visão que novas pessoas poderiam ter sobre o que escrevo. Hoje, ando mais desencanada: quem me conhecer bem, me curtir e quiser estar comigo tem que entender que o que escrevo vai além de um alimento para o ego. As meninas que leem levam a sério. Se veem no que escrevo, compartilham, comentam entre si. É maravilhoso, mas complicado também.
[CAMILA] É formidável. Eu adoro o contato com as meninas. É algo que me incentiva horrores a continuar com essa maluquice toda. E fundamental, claro. Quem não gosta de ver como humano e similar aquele que consegue falar pela gente? Quando comecei a escrever, achava incrível os escritores que se mantinham próximos e respondiam elogios, angústias, carinhos. Enquanto puder, quero levar desse jeito sim. Fiquei até mesmo amiga de muitas gurias que me leem.
[CAMILA] Já, claro. Já tive contato com algumas editoras. Existem originais meus que ficaram em duas delas, inclusive. Hoje, acho que o faria em formato ebook primeiro e observaria as vendas, quem compraria, como ia ser. O complicado de se publicar sem ser de forma independente é que o escritor, quando não paga para ter o selo de alguma editora, recebe pouquíssimo sobre o próprio conteúdo. Caso eu venha o fazer no futuro seria de forma própria, independente. Para começar, acho que seria algo como um apanhado de minhas melhores crônicas. Um filtrão nas mais de 500 que já tenho espalhadas por aí.
[CAMILA] Isso muda ao longo dos anos, né? Quem pressionou esse start em mim, lá em 2009, foram Caio Fernando Abreu e Clarice Lispector. Peguei Perto do Coração Selvagem na biblioteca do colégio e me encantei. Até hoje, mesmo com aquela leva de gente cafona compartilhando frases bregas que os dois nem mesmo escreveram, são minhas maiores fontes de inspiração. Depois, vem Virginia Woolf, Ana Cristina César, Dorothy Parker, Marina Colasanti, Hilda Hilst. Sempre fui fascinada pela escrita feminina, não é à toa que é a ramificação que segui. Acho louvável que hoje se tenha tantas vozes femininas sendo disseminadas por aí.
[CAMILA] Eu sou apaixonada pela forma com que a Lionel Shriver escreve. Li Precisamos Falar Sobre o Kevin em três dias e, por mais que seja um livro pesado, é surreal como essa mulher sabe costurar os fatos, enfeitar com detalhes as situações, tornar real algo que poderia ser só do nosso imaginário. É um livro sensacional.
[CAMILA] Bem, é um dos meus alicerces. O tempo que fiquei sem escrever e criar esse ano me fez um tanto quanto infeliz. Desacreditada. Acho que, de novo embalada, eu poderia chamar de religião. Um ritual para a realização.
Por excesso de amor.
Ponto final.
Um fragmento sobre escrevinhadores, personagens e sublimação.
Ajude-me a lançar meu primeiro livro.
Como todo mundo já está cansado de saber, ser escritora sempre foi um sonho que marcou toda a minha vida. Aos 6 anos eu decidi que queria me aventurar escrevendo e comecei fazendo críticas literárias de livros infantis (para entregar a resenha e ganhar um novo). Aos 8 escrevi meu primeiro romance (ficção, universo fantástico) e publiquei na internet. Foi minha primeira grande recepção com um público. Consegui cerca de 400 leitores cadastrados (lia quem se cadastrava e tal) e por muito tempo esse foi o meu maior passatempo. Pois bem, escrevi outros livros. De vários outros temas. Livros que ainda hoje guardo no HD, na gaveta, no guarda-roupa... Procurei tentar escrever de tudo (crônica, crítica, conto, poesia, romance, peça teatral, reportagem, carta...) e descobri que eu AMO o que faço.
Hoje, 10 anos depois, da grande decisão, estou tentando dar um suspiro de coragem e começar a tirar da gaveta/HD/guarda-roupa os livros que eu já escrevi (e continuo escrevendo). Quero enfim lançar meu primeiro livro. Se fosse por minha vontade, teria lançado com 8 anos, quando escrevi o primeiro. Mas todo mundo sabe que "ser" escritor no Brasil é MUITO complicado, e no Piauí não é diferente. O fato é que eu, minha família e um grupo de amigos estamos organizando para que eu enfim possa realizar meu sonho. E começar a publicar tudo que já escrevi.
Calma, isso ainda não é o início do projeto! É só um convite feito com muito carinho para que mais pessoas possam conhecer um pouco do que eu faço e disponibilizo na internet (publico muito pouco aqui, na rede, porque já tive problemas com plágio em outros blogs). Quando o projeto começar, você vai poder ajudar comprando o livro e outros acessórios personalizados dele. Adiantando: vou utilizar o site Catarse para arrecadar, então terei uma meta ($$$$) para conseguir em até 60 dias e o site ficará com 13% do dinheiro. Eu só vou receber a quantia necessária se conseguir a meta. Caso contrário, todo mundo que ajudou recebe o dinheiro de volta e eu procuro uma outra forma de lançar (mas não vamos pensar no pior agora...).
Como você pode ajudar desde AGORA: divulgando essa imagem ou o blog entre seus amigos.
O convite foi feito! Conheçam a página do blog: 45 dias de reabilitação (por Raíssa Muniz) e visitem o link www.raissa-muniz.blogspot.
Como eu já disse, ainda não é o estopim do projeto. Mas é uma prévia do que vai acontecer. Conto com a sua ajuda/divulgação. Quando a meta ($$$) do site abrir, vou precisar vender muitos livros para receber o dinheiro do custo.
Obrigada pela atenção!
Eu já não sei dizer adeus.
Ex-preso político revela memórias de censura após 5 prisões e reclusão no Canadá, no período da Ditadura Civil-Militar.
Texto escrito por Raíssa Muniz
Fui-me embora pra Pasárgada
"Eu tinha uma Pasárgada. Ou costumava ter.
Era guerreira, irremediável águia.
Amiga não só do rei, mas de um povo todo
De nobres, burgueses, diminutos e clérigos
Eu costumava andar de bicicleta
Na mesma rua, todo dia, toda hora
Quando meu maior objetivo era apenas poder ir até a rua ao lado
Eu costumava jogar xadrez
E via a vida com uma percepção que hoje já não tenho
De um jogo entremeado
Tão previsível e curto
Eu costumava me olhar no espelho
Tão resoluta, eu tentava me roubar de mim
E ria
Nunca fui boa ladra
Eu costumava brincar de ser escritora
Uma brincadeira séria, considerada
Nunca esse desrespeito que faço aos 16
Eu costumava ter amigos
Amigos meus, por mim idealizados
Costumava desenhar meus amigos
Escrever para meus amigos
Descrever meus amigos
Ser uma amiga com amigos
Eu costumava falar com Deus
Nunca esperei que me escutasse
Negligente, talvez o carneiro mais desvirtuado que já pastou por aqui
Descobri minha própria fé
Meu próprio amor
Minha própria arte
Meu próprio espelho
Minha própria rua
E meu próprio jogo
Meu xadrez nunca foi bem jogado
Meu espelho nunca foi bem polido
Minha arte nunca foi respeitada
Nem meus amores serão eternos
Fui-me embora pra Pasárgada
Já não sou amiga do Rei
Já não tenho o amor que quero
Na vida que escolherei
Fui-me embora pra Pasárgada
E no paraíso descobri
Que só a vida pode ser vida
Encerro e admito:
Eu adoro essa putrefação"
Raíssa Muniz
25/05/14
Humana demais.
Derrame.
15 coisas que aprendi com a ONHB.
Entrevista para o blog "Ser Escritora", de Juliana Rodrigues.
A noite é um martírio.
Um dia inteiro de bons momentos se esvai quando a noite chega. Seja ela real ou imaginária, concreta ou metafórica, a noite sempre vem para todo mundo.
OBS.: Este texto pode ter várias interpretações, como a maioria dos que eu escrevo. Em geral, este costuma ser o meu "estilo". Escrevo sobre uma coisa usando a maior variedade possível de artifícios que eu conseguir para mascarar o verdadeiro assunto do texto. Não me orgulho disso, pelo contrário: é o único modo que encontrei para escrever para mim.