sobre minha prisão em 64. Não morri de tuberculose. Não me suicidei na Segunda Guerra. Não comprei ações e fiquei milionária. Não sou diplomata. Não escrevi cartas quando era diplomata. Não deixei minha amante morrer afogada. Não salvei poesias de um naufrágio enquanto minha amante morria. Não sei tudo de gramática. Não me formei em Português. Não tenho nome de flor. Não mudei meu nome. Não me casei com um filósofo famoso e suicida. Não tenho heterônimos. Não sei jogar xadrez. Não fiz cinema mudo. Não fiz cinema. Ninguém chorou em meus filmes. Não sou uma psicopata, nem sociopata nem nada disso. Sou o abstrato, o fim e o meio, o propósito e a falha.
No instante em que decifro o código que me faço sentido, existo, humana e ordinária."
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