Sempre
fui encantada pelas diferentes histórias que circundam cada um dos seres
humanos. Alguns possuem mais reconhecimentos por seus feitos – outros têm esse reconhecimento
limitado apenas a pequenos grupos de pessoas.
Pensando
nisso, resolvi iniciar mais uma tag aqui no blog: “Personalidades ilustres”.
Colocarei aqui as informações mais importantes sobre o histórico de vida da pessoa
citada, exemplificando também o porquê da mesma ser considerada como "ilustre”.
Bem,
todo mundo que acompanha o blog sabe como está o meu envolvimento com a 4ª
Olimpíada Nacional em História do Brasil. Hoje, concorrendo na 5ª fase da ONHB,
percebo como o conhecimento que consegui nela é algo inenarrável. Na bagagem
desse tal conhecimento, fui apresentada à história de Georgina de Albuquerque, pintora, professora, desenhista e primeira
presidente do sexo feminino da Escola
Nacional de Belas Artes (Rio de Janeiro).
Longe
de ser só uma profissional séria e comprometida, Georgina foi também uma das
responsáveis da incorporação da mulher na história do Brasil (por meio de
pinturas). Além disso, foi casada com um
pintor piauiense, Lucílio de Albuquerque.
Conheça
mais sobre ela:
Retrato de Georgina de Albuquerque (1907), por Lucílio de Albuquerque.
Nascida
em 4 de fevereiro de 1885, na cidade de Tabuaté – SP, Georgina de Moura Andrade (seu nome de solteira), foi uma
importante desenhista, pintora e professora brasileira.
Teve
seus primeiros contatos com o mundo das artes através do pintor italiano
Rosalbino Santoro, radicado em São Paulo e professor do Liceu de Artes e
Ofícios.
Santoro
passou poucos meses na cidade, mas o tempo que permaneceu foi suficiente para
ascender em Georgina, ainda criança, uma sensibilidade artística que viria à glorificá-la
anos depois.
Apesar
da oportunidade, Georgina não seguiu o caminho da pintura imediatamente. Foi
mais tarde, ao visitar uma exposição realizada por Antonio Parreiras
(1860-1937), que a então moça sentiu dentro de si o despertar de toda a arte
que por tanto tempo ficara adormecida.
Seguindo
o recém-descoberto manancial de sonhos, Georgina mudou para o Rio de Janeiro
com apenas 19 anos, matriculando-se logo em seguida na Escola Nacional de Belas
Artes.
No
seu imaginário, cultivava o desejo de ser pintora. Pretendia se “curar” de
todos os vícios que a inexperiência viera a lhe proporcionar, almejando assim
chegar, um dia, ao nível do consagrado pintor que expusera suas obras em São
Paulo.
Já
na Escola, a iniciante em pintura foi guiada por grandes mestres como Henrique
Bernardelli, mexicano radicado no Rio de Janeiro e irmão de Rodolfo Bernardelli,
escultor que vinha dirigindo a instituição há 15 anos.
Em
1905, conheceu Lucílio de Albuquerque, aluno veterano com quem iniciou um
namoro. No ano seguinte, casaram-se, contrariando a significativa diferença
curricular que os separava.
Lucílio, que viera em 1896 de Barras –
PI para iniciar seus estudos em pintura, casou-se quando cursava o último ano.
Georgina, por sua vez, ainda se encontrava no segundo ano do curso.
Contudo,
em 1906, um importante acontecimento mudou o rumo do casal: Lucílio foi
premiado com uma viagem à Europa (de duração de 2 anos) após expor seu quadro Anchieta e o Poema da Virgem,
sensibilizando a Comissão Examinadora.
Georgina
trancou sua matrícula na Escola para viajar com o marido à Paris, onde
permaneceram por cinco anos. Neste período, o dinheiro da bolsa de Lucílio não
era suficiente, tendo o casal pintado quadros artísticos para se manter na
cidade-luz.
Em
1911, porém, a “agonia itinerante” tivera fim. O casal voltou ao Brasil,
montando assim o seu primeiro atelier conjunto em terras brasileiras.
Passados
alguns anos, mais precisamente em 1927, Georgina passou a integrar o corpo da
Escola Nacional de Belas Artes como livre-docente. Com o passar do tempo, foi
nomeada à catedrática interina e, finalmente, ocupou o cargo titular de cátedra
de Desenho.
Contudo,
em 1939 veio à tona um dos acontecimentos que mais mexeram com as estruturas da
então professora: seu marido Lucílio falecera, fazendo-a assumir as inúmeras
responsabilidades familiares.
Foi
assim que, orientada por amigos e colegas, a pintora montou na sua própria casa
o Museu Lucílio de Albuquerque, onde
confiou todo o acervo familiar, aproveitando também para fundar, no mesmo
local, uma escola de desenho e pintura.
Apesar
das dificuldades pessoais, Georgina de Albuquerque foi uma consagrada artista
brasileira. Tendo participado inúmeras vezes de exposições internacionais,
trazia sempre para casa alguma medalha que personificasse a sua luta.
Recebeu
o Prêmio Prefeitura de São Paulo, em 1942; o Prêmio Governador do Estado, em
1949 e, em 1952, tornou-se a primeira mulher a assumir a direção da Escola
Nacional de Belas Artes.
Veio
a falecer dez anos depois, em 1962. Consagrada não só por seus feitos já
citados, foi também uma das únicas personalidades artísticas que narraram o
período da Independência do Brasil com “outros olhos”.
É
dela o quadro que retrata a Independência de uma maneira que não fora discutida
até então: com o enfoque principal em uma mulher, Maria Leopoldina,
contrariando a pompa heroico-masculina já criada por Pedro Américo em seu
quadro “O grito do Ipiranga”.
Assim,
Georgina é também considerada uma das únicas mulheres daquela época a tomarem
voz através de suas ocupações e contrariarem a sombra masculina que imperava no
Brasil, naquele período.
Raíssa Muniz
Se quiser opinar sobre a próxima
personalidade a ser relembrada, entre em contato comigo por meio dos comentários,
facebook ou e-mail.
Algumas
de suas obras:
Bélle Epoque - Georgina de Albuquerque
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