Um fragmento sobre escrevinhadores, personagens e sublimação.


Há uma leveza inócua que paira em minha existência. Não sei se algo parecido brilhou também na vida de escritores que admiro, mas vez por outra tendo a achar que sim, que faz parte da vida daqueles que tomam a escrita como rumo. A leveza, talvez não tão atraente ou compreensível para quem observa, se constitui em uma mania que adquiri durante os anos: o de eleger, vez por outra, uma pessoa do meu convívio para personagem dos meus escritos. Se é um aspecto doentio ou uma manifestação afetuosa, talvez só o tempo venha a dizer.

Obtendo ou não resposta, persisto com essa mania. Incurável, eu me atreveria a dizer. Também não sei exatamente qual a fórmula para a criação, mas por experiências passadas, já vi que não necessariamente a vítima precisa ter boa índole. Nem obrigatoriamente deve me trazer apenas sensações ruins. Talvez tentar fazer pão não do trigo, mas do joio, seja uma das graças que essa leveza me traz.
Foi assim que nasceram Petrine, Alice, Puma e outros tantos que permanecem ainda sem nome, ainda sem tanto apego da criadora. Espero que assim venham muitos outros para povoar tantas linhas descontínuas. Escrita é, acima de tudo, pura sublimação da realidade.

Raíssa Muniz
28/06/14

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