Ponto final.




Desfiguro contra o próprio tempo
nesse pecaminoso intento:
escrevo.

Bastasse a folha que resguarda
ou o lápis que corre solto,
entrave algum tentaria amparo.

Bastassem as vidas,
tentativas pérfidas de me refazer em uma só;
bastasse o corpo,
desatino d’alma altiva.

O que me basta são as inspirações,
sussurros desvairados
d’algum mundo que me fez partir
sem despedida.

 O que me resta são os cortes, apagos,
o eterno resfolegar em pleno campo de centeio.
O correr a plenos pulmões,
rápido, frenético, torpe, inerte.

Enfim encontro o ponto.
 Ponto final seria a rima?
 De quantos contos faço o porto
Se nesse mar trago minha sina?



05/07/14



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