Saldo de 2012: o melhor ainda está por vir.




Dias desses fui pega de surpresa por minha própria consciência. Quando menos esperava, flagrei meu próprio pensamento indo de encontro ao que havia se passado neste ano de 2012. Lembrei-me das conquistas, das descobertas, das viagens, das perdas, dos medos, das pessoas que eu havia conhecido (de verdade) e das que eu tinha rasgado a oportunidade de conhecer.
Impossível foi não lembrar os rompantes. Da ilusão repentina de que desentendimentos poderiam ser resolvidos em conversas de escadas. Da ousadia de tentar fazer o próprio destino; consequentemente, da perda por perceber que, por mais que eu tentasse, ser dona do próprio caminho ainda era algo bem distante da minha realidade.
2012 passou rápido. Rápido demais, até. Lembro-me nitidamente dos planos que eu fazia no Ano Novo passado. Vale ressaltar que praticamente nenhum deles se concretizou. Criei metas fixas, coloquei-as anexadas por todos os lados. O que a vida me trouxe, no entanto, foi algo que eu nunca pensara em pedir.
Em 2011 fui apresentada ao tal “Concurso de Cartas dos Correios”. Como ávida participante de concursos de redação, fiz o meu texto e enviei o mesmo à professora, para ser devidamente repassado ao comitê avaliador. Por brincadeira do acaso ou mero capricho do destino, o texto sequer chegou às mãos dela a tempo. Conclusão: passei dias (sim, dias) fazendo o texto, enviei no prazo certo, mas infelizmente fatores maiores não deixaram sequer a professora orientadora mandar a redação a tempo.
Não vou mentir. A agonia de ter me esforçado tanto para ver um desfecho desses foi enorme – e crescente. Fiquei triste por vários, vários meses. Aquela tristeza de quando você tem a ilusão de ter cumprido o dever, mas fatores externos não concretizam isso. Enfim, 2012 chegou e fiz questão de não fazer nenhum plano escolar de grande significado. O Concurso de Cartas chegou mais uma vez, fiz o texto em algumas horas e consegui enviar no prazo correto para a professora. Quase perdi o prazo por ter que refazer a redação por problemas com a letra (ainda não consegui fazer uma letra bonita e um texto aceitável ao mesmo tempo), mas enfim mandei.
Como resposta, o resultado foi divulgado e para minha total surpresa, fui classificada em 1º lugar no Piauí. Como consequência da classificação, representei o meu estado na disputa nacional e me classifiquei como 4ª colocada no resultado geral do Brasil. A satisfação é algo que eu nem preciso comentar. A surpresa por ter conseguido uma conquista tão significativa em um concurso que, no ano anterior,  tanto já me fizera perder a paciência também é algo que dispensa comentários.
Eu, que odiava História, me peguei participando da Olimpíada Interna da minha escola que selecionava alunos para participarem da 4ª Olimpíada Nacional em História do Brasil. Saiu o resultado, fui classificada para integrar uma das equipes, mas desde o início fui avisada que estávamos “debutando” na ONHB. Nenhum dos participantes (seja aluno ou professor), tinha participado da olimpíada ainda. A cada fase passada, comemorávamos como uma enorme e satisfatória vitória. Éramos 4 equipes representando a escola. Das 4, todas chegaram até a 5ª fase da olimpíada (são 6 fases). No dia do boletim final, comemoramos juntos: 2 equipes de 4 tinham sido aprovadas para disputar a final da ONHB em Campinas, São Paulo.
Hoje, fazendo um balanço, percebo o quão satisfatório foi o ano de 2012 para mim. Pelo menos no quesito escolar, não tenho muito que reclamar. O saldo: ganhei um notebook no Concurso de Redação dos Correios, o que eu comemorei de forma efusiva. Meu primeiro notebook conquistado com meu próprio esforço. Com a classificação da ONHB, quando menos esperava, estava em São Paulo conhecendo a Unicamp. Saldo melhor ainda: minha primeira viagem de avião conquistada também com meu próprio esforço.
Lembro de quando eu era criança, que eu ia “aperriar” meus familiares por não ter os eletrônicos e viagens que meus coleguinhas tinham. Minha família respondia em uma só voz: “Você vai ter o que quer quando correr atrás pra conseguir. Se quer tanto, vai ter que lutar por seus sonhos. Ninguém vai fazer isso por você.”
Naquela época, tudo isso foi um balde de água fria para mim. Na minha mente de criança não entrava a possibilidade de eu conseguir por meu próprio esforço tudo que desejava. Hoje, percebo que fui sendo moldada para acreditar que sim, eu podia conquistar o que queria. E se minha “arma” principal eram os estudos, eu teria que usá-los da melhor forma possível para alcançar meus objetivos.
Nunca tive grandes condições financeiras – parentes que ajudavam muito, sim. Perceber que eu podia pelo menos arranhar os meus sonhos a cada nova prova me fez mais viva. Mais forte para correr atrás do que eu sonhava. Lembro que quando conheci computador/internet, meu maior desejo era ter um também. Quando via os familiares viajando, minha mente de criança fantasiava como seria a sensação de conhecer lugares novos. Hoje, saudosa é a sensação de ter esses sonhos realizados – e dessa vez, com meu próprio esforço! Contudo, há ainda um que teima em se alojar em mim. Os diversos problemas de saúde na família, a realidade gritante que cerca o que lugar que vivo, a curiosidade crescente por saber como funciona o corpo humano: tudo colabora para esse sonho ser mais vivo, alimentado rigorosamente. Diante de tudo isso, ainda há uma voz de dúvida e escárnio que me pergunta internamente “Acha mesmo que vai conseguir cursar Medicina?”. Com tudo isso, recordo-me dessa mesma voz me perguntando quando era criança “Acha mesmo que vai conseguir um computador por esforço próprio? Acha mesmo que vai viajar por mérito seu? Ainda é uma criança!”.
Medrosa como sou, não rebati esses pensamentos negativos que pareciam me perseguir. Contudo, estudei, me esforcei e fiz de tudo para que um dia eu pudesse realizar meus sonhos. Como resposta, eles se realizaram. De uma forma cinco vez melhor da que eu tinha imaginado.
Depois de tudo isso, já desisti de rebater os caprichos do tempo. Se não foi agora, não era pra ser. O tempo não brinca com a gente; nós brincamos com ele. Fingimos uma realidade que não existe, sonhamos mais do que corremos atrás, criamos um redoma fantasiosa de que a vida será bonita e feliz, mas não movemos um dedo para realizar isso. De nada adianta chorar as mágoas da vida nesse fim de ano. O que era pra ser, foi.  O que não era, se for mesmo pra acontecer, um dia vem. Chega de tanta lamúria e reclamação. Melhor é quebrar a cara, aprender com os erros e se levantar com a certeza de que tentou, de que já conhece o perigo. Melhor é sofrer para conseguir o que quer. Bom mesmo é subir a escada do tempo e poder falar a cada fim de ano: O MELHOR AINDA ESTÁ POR VIR! Porque, bem lá no fundo, a gente sabe que tem muita coisa boa que não poderia acontecer se tudo tivesse dado certo agora.

Raíssa Victória Muniz
26/11/12

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