Algumas coisas simplesmente não passam.




Pseudo-fim-de-ano, pseudo-período de se arrepender, pseudo-tempo de preparar novas promessas para o próximo ano. Mal consegui realizar as metas para este ano e já estou formulando o que farei no próximo. Ainda mais gritantes que isso, são os planos que já faço para daqui a dez, vinte, trinta anos.
A faculdade de Medicina ainda vem em primeiro lugar. A súplica de resolver meus próprios problemas pessoais vem junto com ela. Demorei para perceber isso, mas essa “neurose” que há tanto me acompanha com relação aos estudos tem nome e sobrenome. Data de nascimento também. Se duvidar, prazo de validade acompanha o pacote.
Vontade de resolver tudo é o que não falta. Formas de fazer isso é que são mais escassas. Daí a substituição: um problema pessoal por um sacrifício escolar. Nessa troca, já ganhei muito mais pontos que perdas. Pelo menos é o que ainda teimo em repetir.
Na prática, o sentimento é bem diferente. Tanto estudo, tanto esforço, tanta sede, fome e desespero por um bom futuro profissional apenas escondem um vazio que eu sei que ainda vai me acompanhar na vida pessoal. Vazio, vácuo, falta. Perda. Alguma dessas palavras um dia vai explicar.
Não adianta esconder as próprias fraquezas e vestir uma armadura de força. Não se for mentira. Podem passar anos (como já passaram vários), cursos, conquistas e reencontros. Algumas coisas simplesmente não passam. Algumas pessoas também não.

Raíssa Victória Muniz
07/11/12

4 comentários:

  1. "...apenas escondem um vazio que eu sei que ainda vai me acompanhar na vida pessoal. Vazio, vácuo, falta. Perda. Alguma dessas palavras um dia vai explicar."
    "Algumas coisas simplesmente não passam. Algumas pessoas também não."

    Eu tenho medo de que nunca passe... Tu sabe do que falo. Ficou lindo o texto, mesmo.

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    1. No fim, acaba sendo bem difícil passar mesmo... :/
      Obrigada pelo elogio, Rama.

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  2. Sempre fica um vácuo que tentamos substituir com algo que só vale como acréscimo, até que a gente se dá conta do vazio que se acumula.
    Este "pseudo-tempo de preparar promessas" é válido, pois a preparação é contínua e não se restringe apenas a essa época do ano, como muitos pensam.
    Quanto as coisas que ficam sem jamais passar, a sensação é gostosa, mesmo que por vezes dolorosa. É como se fossem cargas de experiências.
    Gostei muito do texto, Raíssa. Muito mesmo! Fica bem, beijos.

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    1. "Quanto as coisas que ficam sem jamais passar, a sensação é gostosa, mesmo que por vezes dolorosa. É como se fossem cargas de experiências." Pior que é verdade, Aldenora.
      Obrigada pelo comentário! Beijo.

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