Vestibular de Medicina: Vai desistir agora? (45 dias de reabilitação - dia 24)


Apesar da enorme demora em narrar o decorrer desses 45 dias, cá estou — totalmente culpada e com uma pilha de livros me encarando de cara fechada —para atualizar a tag.
As dificuldades, que antes me pareceram tão pesadas e invencíveis, agora nada mais são que experiências dignas de recordações. Os estudos, que outrora também pareciam (admitindo: de certa forma, ainda parecem) fortes demais para mim, já são vistos como um desafio mais saudável. As surpresas eu pude receber de forma serena. As decisões eu pude tomar sem aquela velha culpa do dia seguinte.
Julho é, sem dúvida alguma, um mês (ou uma desculpa) para parar e fazer uma faxina geral. Nas gavetas, nas estantes, nos e-mails, nas SMS, e enfim, na mente. Mês para ser usado como artifício para uma encarada no espelho. “E aí, vai desistir agora?” É o que me pergunto todos os dias, logo ao acordar. E embora meus sentimentos queiram responder “Sim, desista agora! Já!”, minha mente (que eu aprendi a usar, olha que beleza) responde de forma convicta: “Não, não desista”.
Sim, as dificuldades são constantes. Os pensamentos pessimistas assolam minha atenção de forma rude, mal-educada e sem chances para reparo. Mas não desisto, muito pelo contrário: persisto. E de repente, mais uma vez, meu coração pergunta “E por que continua com essa ideia?”. Nesse momento, sei exatamente qual resposta dar a mim mesma.
Lembro-me da minha infância, dos sonhos que cultivei lá, dos sorrisos que distribuí e das promessas que fiz entre bonecas e ursos de pelúcia. Lembro-me das tardes que eu usava para explorar a casa, passear por corredores e visitar quartos abandonados. Lembro-me das brincadeiras, da esperança quase que despedaça por um amigo, por um irmão. Lembro-me dos meus únicos e inseparáveis companheiros: os livros. E, finalmente, lembro-me daquele sonho que nasceu lá naquele quartinho cor-de-rosa, assim, de forma simples: cercado por bonecas, ursos-de-pelúcia e lápis de colorir. O sonho de ser médica.
Lembro-me de um dos meus brinquedos favoritos: um quite-médico que me foi dado aos 6 anos. Lembro-me das camisas brancas e de mangas compridas e do meu sorriso que fantasiava, desde aquela época, ajudar pessoas.
Lembro-me das quedas, das inúmeras desistências que tive no decorrer do caminho e daquela vozinha infantil que, por um motivo bem maior que tudo, ainda persiste: “Não desista. Um dia você ainda chega lá.”
Depois de toda essa reviravolta, posso finalmente voltar aos estudos em paz. Com força, com vontade, com fé. E com a certeza cada vez mais presente do meu sonho. Com a ciência de que os obstáculos serão grandes, mas que o meu esforço recompensará tudo isso.
E é nesse momento que tenho convicção ao finalmente relembrar aquela frase infantil que eu tanto dizia, mas que foi sendo esquecida durante os anos: “A Medicina que me aguarde”.

Raíssa Muniz  - 10/07/2012

3 comentários:

  1. Lindo, Ra!
    A medicina que nos aguarde.

    Continue focada. Depois haverá muito chão pra caminhar e barreiras pra ultrapassar.

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    1. Muito obrigada, chará! :-D
      Bem sabemos que desde já, já temos muito chão pra caminhar e barreiras pra ultrapassar - afinal, o caminho até o listão de Med é longo. Foco agora é fundamental.

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