1. A ONHB pode fazer até o mais distante
dos estudantes se apaixonar por História.
Não, não é utopia. Eu, por exemplo, não tinha esse amor todo por História
até conhecer a ONHB. Minha ideia da disciplina era levada para o lado da
decoreba, do comodismo com montes de datas e nomes que pouco iriam me servir
posteriormente. A ONHB me ajudou a pensar criticamente. Eu me apaixonei por
História.
2. Aprendi a interpretar textos e
imagens e a ter ritmo de leitura.
Antes da ONHB eu já tinha uma boa base de interpretação textual e um ritmo
de leitura que nunca tinha me deixado na mão. Depois da ONHB, eu
definitivamente me tornei uma devoradora de documentos historiográficos e
melhorei muito meu desempenho também em outras matérias.
3. A ONHB me ajudou a
ser aprovada em uma universidade pública aos 14 anos.
Pois é. Eu fiz o ENEM na oitava série (nono ano), aos 14 anos, logo após
voltar da fase final, em Campinas. Tive um bom aproveitamento para a minha
série, consegui ler bem todas as questões e me sentia muito pronta para responder
Linguagens e Humanas. Quando estava fazendo a prova do ENEM, me sentia
respondendo a ONHB nas reuniões do colégio. Depois, percebi que até a forma de
distribuição das alternativas é parecida: uma totalmente errada, uma
parcialmente errada, uma um pouco certa, uma certa e outra completamente certa,
exatamente como pedia no enunciado. Não tive um desempenho louvável como almejo
hoje, mas foi nesse meu primeiro ENEM, em ritmo de ONHB, que fiz 36/45 de
Humanas e 36/45 de Linguagens. 880 na
redação. Ao fazer, me senti também na fase final da ONHB, que a equipe fez 3 redações sobre temas surpresa. Fui aprovada,
com esse ENEM, para Jornalismo (federal, na 1ª chamada do SISU 1), Psicologia
(federal, segunda chamada do SISU 1) e Enfermagem (federal, SISU 2).
4. Já que estamos
falando disso: foi com o treino que a ONHB me trouxe que no ano seguinte, aos
15 anos, fui aprovada para Direito em uma universidade pública.
Muita gente pode não entender como a ONHB pode ajudar tanto
no vestibular. Pois bem, explico-lhes: no período da Olimpíada, eu treinava
pesado com a minha equipe. Nossa aula terminava às 13h20min, almoçávamos em um
restaurante na frente da escola, já falando sobre ONHB. Voltávamos para a
escola às 14h e começávamos a reunião que ia até o início da noite. De segunda
à sexta. Chegando em casa, era se virar nos 30 para conciliar o conteúdo normal
da escola com as pesquisas que a ONHB recomendava. Eu ia dormir tarde, ia
dormir cansada, chorava toda véspera de resultado para a próxima fase. Mas no
fim, toda essa dificuldade me trouxe ótimos frutos.
5. Aprendi a almoçar
ONHB. Literalmente.
Como eu já disse, minha equipe almoçava no mesmo restaurante que eu. Éramos
os estranhos do local. Um bando de adolescentes reunidos em uma mesa longa,
todos discutindo o valor histórico de um Modess (eu adoro essa história do
Modess, hahaha Pesquisem a questão de uma ONHB passada que trouxe essa temática) ou como um cristão-novo podia produzir tantos rituais sem que
muita gente notasse. Revista de História da Biblioteca Nacional do lado, prato
do outro. Se tinha sobremesa, ninguém mais ligava. Dava briga, dava confusão.
Quando se via, o grupo de adolescentes cultos já se mostrava exaltado. O
motivo: estávamos divididos entre as alternativas A e C. Para desfazer isso, só
muita conversa. Só muita retórica. Só muito convencimento, muita pesquisa,
muita fonte. Minha equipe não se rendia só porque eu achava a alternativa
correta, eu ia até as profundezas da internet (sem fazer alusão à Deep Web, eu
realmente não precisei ir lá para responder a ONHB) para mostrar que eu estava
certa. Nisso, eles me convenciam e eu tinha que mostrar humildade ou eu
tinha razão e conseguia mostrar minhas teses. Uma coisa é certa: sem muita
conversa, muita pesquisa, a equipe não ia para a frente.
6. Fui uma ONHBzeira
até quando a Olimpíada tinha chegado ao fim.
Como o post não necessariamente foi escrito em ordem
cronológica, trago esse ponto. A ONHB me ensinou a pesquisar. Quando percebi,
estava fazendo análises do contexto histórico dos meus escritores, pintores e
músicos favoritos.
7. Se você souber
usar, o material disponibilizado pela ONHB pode te salvar em outras matérias.
Vai por mim: nunca deixe de lado um documento que a ONHB trouxe. Leia
quantas vezes for preciso. Pesquise além daquilo, o link dado é só uma base.
Não estude História apenas para passar de fase. Entenda História. Você vai se
apaixonar.
8. Detalhes mudam
tudo!
Por isso, nunca deixe de ouvir a opinião daquele seu colega
de equipe chato pra caramba que desconfia de tudo e todos e teima em dizer que
tal detalhe daquele texto ou quadro não bate com a alternativa. Você pode até
achar que bate, o resto da equipe vai achar que bate, SUAS PESQUISAS VÃO ACHAR
QUE BATE. Mas não vai bater. Confie nos detalhes.
9. Você ainda vai
aprender a fazer muitas piadinhas e cantadas históricas. Fuja do meio social
quando isso acontecer.
Desculpa, mas fuja, fuja mesmo. Piadas e cantadas históricas
são inteligentes. Para você, participante da ONHB. O resto do mundo vai achar
que é caso de loucura.
10. Se você ainda não
tiver o hábito, entre em um relacionamento sério com o café.
Precisei MUITO dele tanto depois do almoço (quando
começávamos a reunião) quanto à noite (quando eu ia revisar para a escola).
11. Acostume-se a
imaginar que todo grupo de 3 adolescentes é uma equipe adversária.
Talvez não tenha uma “neura” tão grande na sua cidade, mas quando
chegar na final, passeando pelos shoppings de Campinas, você vai ver
concorrentes por todos os lados. E vai descobrir que eles realmente eram
candidatos da ONHB.
12. Longe de ser só
isso, acostume-se a conviver com as diferenças.
A ONHB trouxe várias discussões para a pauta dos encontros
sociais: religião, preconceito racial, de gênero, diversidade, arte urbana,
feminismo e muitas outras coisas que você dificilmente conversa sobre, TODOS OS
DIAS.
13. Supere o monstro
devorador de café sem açúcar e documentos historiográficos que existe em seus
concorrentes.
Sim, porque é isso que você vai pensar que seus concorrentes
são: monstros devoradores de café sem açúcar e documentos historiográficos.
Aproveite a Olimpíada para treinar sua concentração, sua capacidade de trabalhar
sob pressão e seu medo (que geralmente todo estudante de Ensino Médio tem), que
é passar no vestibular no final do ano. Você vai ter meses, durante a
Olimpíada, para se reeducar. Depois dela, é só continuar estudando com a mesma
disciplina e comprar o carvão para o churrasco do início do ano (alô papai, alô
mamãe).
14. Toda dor é
suportável.
Por isso, entregue-se de verdade à Olimpíada. Aprenda com
ela, plante sementes e sinta orgulho de ser um apaixonado por História. Quando
entrei na Olimpíada, aprendi que toda dor é suportável. E que quando estamos
frente a frente do nosso objetivo, até o mais profundo dissabor deve ser
encarado como aprendizado. Pesquise, pesquise muito, pesquise novamente, de novo,
mais uma vez, sempre. Depois, quando você já está lá, em Campinas, visitando a
Unicamp e tendo a oportunidade de conhecer pessoas incríveis (tais quais os
membros da Comissão Organizadora e a diva da Cristina Meneguello, que foi amor
à primeira vista para toda a minha equipe), você sente como foi bom, como valeu
a pena. Como se reabilitar e passar de aluno mediano em História para “louco”,
crítico, pensador REALMENTE valeu todo o esforço.
15. História é
terapia, apontam estudos da blogueira que vos fala.
Desculpe-me se você preza as fontes. Esse “estudo” é meu
mesmo. Brincadeiras à parte, explico-lhes: eu estava passando por momentos
difíceis na época que aceitei participar da Olimpíada. Depressão, para ser mais
exata. Entre um ótimo acompanhamento profissional e outras ajudas que vieram
depois, a ONHB foi, depois do próprio apoio psicológico, o que me fez ter gás
para continuar meu ano buscando motivos em algo realmente interessante. Pode
parecer dramático para quem vê de longe. Quem conhece de perto o que é a depressão,
sabe que até a mais sorridente das pessoas pode se isolar de tudo e perder a
vontade de fazer até as coisas mais simples. Comigo não foi diferente. Estudar
História foi o meu reinventar naquele ano. De repente, naquele curto espaço de
tempo, eu me sentia com forças, com vontade, com necessidade de desbravar todos
aqueles documentos. Todo mundo precisa de um motivo para continuar quando as
coisas apertam. Seria hipocrisia da minha parte dizer que o meu único estímulo
veio dos estudos da História. Mas seria injusto não admitir que foi ela uma das
grandes responsáveis para que eu chegasse ao fim do ano mais feliz e realizada.
Nível de paixão pela Olimpíada: História é terapia. Vai por mim.
Essas são minhas observações. Fiz mais no primeiro post, na
época que eu participei e fui à final (50 coisas que aprendi com a ONHB). A
Olimpíada Nacional em História do Brasil mudou minha vida, de verdade. Espero
que mude a de vocês também.
Abração!
Raíssa Muniz
Vou participar, pela primeira vez, da ONHB este ano. Confesso que estou bastante ansioso.
ResponderExcluirMinha rotina está pesada, mas vou dar o meu máximo nessa olimpíada. Ah, confesso que não sou muito fã de história, espero mudar minhas impressões depois de participar do ONHB.
Abraços!
http://www.tudoonlinevirtual.blogspot.com.br/
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