Um dia.



E um dia você vai se perguntar por que ainda não achou a pessoa certa. E vai tentar recapitular todos os seus erros e acertos com um simples piscar de olhos. Um dia você vai acordar com aquela vontade inconfundível de ter alguém para conversar, e indescritivelmente verá como realmente precisa disso. Dessa vez sim. Um dia você vai encontrar um casal conversando na rua. E vai ter vontade de conversar com alguém também. Um dia você vai tentar ler seus SMS’s e perceberá como falta algo. Falta o que realmente você quer ler em uma mensagem. Um dia você vai ver uma criança linda correndo pela rua e vai rir por vê-la daquela maneira. E você, que sempre jurou não suportar crianças, vai querer abraçá-la da mesma forma que fazem seus pais. Um dia você vai acordar sentindo que algo dentro de si ainda está adormecido. E você vai sentir aquela nostalgia que só lembranças não-realizadas podem nos proporcionar. Um dia você vai abrir seu caderno e ler tudo aquilo que acreditava. E vai rir. Depois, me desculpe dizer, você vai chorar. Chorar muito. Então verá como valeu a pena ter escrito, como aquilo que você viveu realmente era bom. Um dia você vai acordar para ir ao trabalho e sentir falta das tão chatas aulas da escola. Um dia você vai preparar um almoço e sentir falta de quando morava com seus pais. Um dia você vai encontrar alguém que vai te mostrar como as coisas realmente valem à pena. Um dia você vai encontrar seus amigos. Todos casados, todos com filhos. Um ou outro ainda solteiro; alguns viajando. Talvez não possa reencontrar todos. Talvez um deles já tenha partido. Você certamente sentirá saudades. E lembrará das vezes bobas que se afastaram porque outras pessoas interferiram. (...) Um dia você ainda vai contar tudo isso entre risos para seus filhos. E quando esse dia chegar, acredite, você já será feliz há tempos. 

Raíssa Muniz